22 Dec
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Pensão por morte antes e depois da reforma, qual foi a grande mudança?

Antes da Reforma da Previdência (até 12 de novembro de 2019), a regra geral da pensão por morte no INSS era bem mais simples: o valor do benefício, em muitos casos, correspondia a 100% da aposentadoria que o falecido recebia ou daquela a que teria direito se estivesse aposentado por invalidez na data do óbito, respeitado o teto do INSS.

Com a Reforma (Emenda Constitucional 103/2019), a regra mudou e o valor da pensão passou a ser calculado com base em uma cota familiar, em geral assim:

  • 50% do valor base
  • mais 10% por dependente habilitado, até o limite de 100%

Ou seja, a pensão começa em 50% e vai aumentando conforme o número de dependentes.


O que é a cota familiar de 50% mais 10% por dependente

Depois da Reforma, o cálculo padrão funciona em duas etapas:

  1. Primeiro, o INSS encontra o valor base:
    • se o falecido já era aposentado, o valor base é a aposentadoria que ele recebia
    • se ainda não era aposentado, o valor base é a aposentadoria por incapacidade permanente a que ele teria direito na data do óbito (aplicando a regra de cálculo pós-reforma)
  2. Depois, aplica a cota familiar sobre esse valor base:
    • 50% + 10% para cada dependente habilitado, até chegar a 100%

Exemplos práticos, para ficar mais claro:

  • se há um dependente(por exemplo, só o cônjuge):
    • 50% + 10% = 60% do valor base
  • se há dois dependentes(cônjuge + 1 filho menor):
    • 50% + 10% + 10% = 70% do valor base
  • se há três dependentes(cônjuge + 2 filhos menores):
    • 50% + 10% + 10% + 10% = 80% do valor base

E assim por diante, podendo chegar ao máximo de 100%o quando há cinco dependentes habilitados.


O que acontece quando um dos dependentes perde a condição?

Outra mudança importante é que a cota de 10% não fica “preservada para sempre”.

Quando um dos dependentes perde a condição (por exemplo, um filho completa 21 anos, salvo exceções), a cota de 10% correspondente a ele se extingue, e o valor da pensão é reduzido.

Exemplo:

  • no início, cônjuge + 2 filhos menores:
    • 50% (cota familiar) + 10% para o cônjuge + 10% para o filho 1 + 10% para o filho 2 = 80%
  • quando o filho 1 completa 21 anos e deixa de ser dependente:
    • a cota de 10% dele é extinta
    • fica 50% + 10% (cônjuge) + 10% (filho 2) = 70%
  • quando o filho 2 completa 21 anos:
    • extingue mais uma cota de 10%
    • fica 50% + 10% (cônjuge) = 60%

Ou seja, a pensão vai diminuindo conforme as cotas vão se extinguindo, até ficar, em muitos casos, com 60% do valor base apenas para o cônjuge sobrevivente.



Quando ainda é possível receber 100%de pensão por morte?

Mesmo com a reforma, existem situações em que o benefício pode chegar a 100%:

  • quando o número de dependentes fizer a soma bater em 100%
    • por exemplo, cônjuge + 5 dependentes (50% + 10% x 5)
  • em casos específicos previstos na própria Reforma, como morte decorrente de acidente de trabalho ou doença profissional, a legislação previu hipóteses em que a pensão por morte pode alcançar 100% do valor da aposentadoria por incapacidade permanente a que o segurado teria direito

Além disso, cada regime (INSS, regimes próprios de servidores) pode ter detalhes próprios em suas leis complementares, principalmente no serviço público. Mas, em linhas gerais, para a maioria dos segurados do INSS, a regra da cota de 50% + 10% por dependente é a base do cálculo.


O que isso significa na prática para as famílias?

Na vida real, essas mudanças significam:

  • pensões mais baixas para muitos cônjuges que ficam sozinhos após os filhos deixarem a condição de dependentes
  • maior impacto financeiro em famílias que antes contavam com a ideia de pensão de 100%
  • necessidade de planejamento: seguros de vida, previdência complementar e uma análise previdenciária bem feita passam a ser ainda mais importantes, especialmente para famílias com filhos pequenos ou pessoas com deficiência

Para famílias atípicas, com filhos autistas ou pessoas com deficiência, é essencial:

  • verificar se o dependente com deficiência pode ter direito à pensão por morte sem limite de idade, como dependente com deficiência intelectual, mental ou grave
  • fazer o cálculo correto do valor da pensão considerando a situação de cada dependente
  • avaliar se há possibilidade de combinar a pensão com outros benefícios dentro da mesma família, respeitando as regras de acumulação.

Conclusão 

A Reforma da Previdência mudou profundamente o valor da pensão por morte. O que antes, em muitos casos, era 100%, agora passa por uma cota familiar que começa em 50% e depende do número de dependentes para subir.

Se você:

  • recebe pensão por morte e não sabe se o cálculo foi feito corretamente
  • tem filhos menores ou com deficiência e quer entender quanto eles realmente teriam direito em caso de óbito
  • está planejando a sua aposentadoria pensando também na proteção da sua família

vale analisar esses números com cuidado.

Se ficou com alguma dúvida sobre o valor da pensão por morte após a reforma no seu caso, entre em contato. Eu posso te auxiliar a entender o cálculo, conferir o benefício e planejar melhor a proteção da sua família.

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